A Seccional Rondônia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RO) participou, na manhã desta quinta-feira (03) da abertura da exposição itinerante em comemoração ao 150º aniversário de nascimento de Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, no Museu das Comunicações Marechal Rondon em Ji-Paraná.
O evento no museu dedicado à memória do patrono de Rondônia Marechal Rondon conta com quadros e fotografias relativas às ações desenvolvidas pelo sertanista na região, peças e o histórico sobre as linhas telegráficas, bases e estações telefônicas, caixa de coleta dos Correios, aparelhos de rádios e de telefonia, rádios comunicadores, cartas, telegramas, fotografias, amplo material já existente que retrata a vivência de Rondon em Ji-Paraná.
O presidente da OAB/RO, Andrey Cavalcante, ressalta que “Para nós e nossos filhos, contudo, o trabalho de maior fôlego que talvez deva ser creditado exclusivamente a Rondon foi a ocupação bem sucedida desta nossa fronteira amazônica, apontada como a provavelmente única reforma agrária que deu certo no Brasil”.
Solange Aparecida, presidente da subseção da OAB em Ji-Paraná, parabeniza pela exposição e convida a população a conferir. “A exposição que comemora os 150 anos do nascimento do Marechal Rondon é algo que desperta o interesse em saber mais sobre o ‘patrono das comunicações’ do Brasil. Convido toda a população a visitar o Museu e prestigiar da nossa cultura”.
A diretora tesoureira da OAB Ji-Paraná, Laura Canuto Porto, destaca que “Esta exposição é uma oportunidade maravilhosa que todos nós temos de poder saber mais sobre o Marechal Rondon, esse importante desbravador de nossa região”.
A advogada Lucelena Martins Vilela também ressalta a importância da população participar da exposição sobre Rondon. “É sempre bom aprender, ainda mais quando se trata de algo tão importante da nossa cultura regional. As peças aqui apresentadas são fundamentais para a história do nosso povo, todos deveriam conferir essa grandiosa exposição sobre Marechal Rondon”.
“É importante essa exposição itinerante para que as pessoas tenham noção do que Marechal Rondon fez por Rondônia, seus esforços no desbravamento da região por conta da implantação e instalação da rede de telégrafos interligando o Norte brasileiro ao Mato Grosso”, destaca o historiador Anísio Gorayeb.
A Superintendência Estadual de Turismo (Setur) presenteou o Museu das Comunicações com novas peças ao acervo, como selo filatélico alusivo às comemorações do sesquicentenário de Marechal Rondon, brasão do estado de Rondônia, figura do mascote Rondonzinho, revista em quadrinhos sobre Marechal Rondon publicada em 1984 pelo Exército Brasileiro e, por fim, a maior comenda de Rondônia, a medalha Marechal Rondon. Todas essas novas peças estão em quadro emoldurado.
“Este museu faz parte da identidade de Ji-Paraná e guarda parte da história de Rondon e de Rondônia. Ele é o único que presta homenagem ao patrono de Rondônia. Aqui, o sertanista deixou registros valiosos que precisam ser resgatados e difundidos”, disse na abertura da exposição o superintendente estadual de Turismo, Júlio Olivar.
“Precisamos apropriar de nossa história. Temos um cervo riquíssimo para isso”, disse a presidente da Fundação Cultural de Ji-Paraná Keila Barbosa, ao agradecer o governo estadual pela parceria e incentivo à cultura e turismo em Ji-Paraná.
Participaram da solenidade o conselheiro seccional da OAB/RO Fabrício Jurado, representantes dos poderes executivo e legislativo do município, historiadores, estudantes, representantes de tribos indígenas, imprensa local.
Com informações Decom
Confira íntegra do discurso de Andrey Cavalcante:
150 ANOS DE CÂNDIDO RONDON
Senhoras e Senhores.
“Somente pela paz e jamais pela guerra deveremos penetrar nos sertões”. A orientação tem a assinatura do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, cujo sesquicentenário de nascimento comemoramos hoje.
E é sobejamente conhecida, como também o é a declaração de Theodore Roosevelt, para quem “A América pode apresentar ao mundo duas realizações ciclópicas: ao norte, o canal do Panamá; ao sul, o trabalho de Rondon – científico, prático, humanitário”.
Da mesma forma, não escapa ao conhecimento dos aqui presentes que Rondon foi, por duas vezes, indicado ao prêmio Nobel da Paz, uma delas por nada menos que Albert Einstein.
Nem que o antropólogo Darcy Ribeiro foi quem melhor definiu sua grandeza: “Nós podemos apontar Rondon para o mundo e gritar: este é o nosso herói!”.
Essas informações integram o excelente trabalho de Mário Cesar Marques na página da Exposição permanente “Rondon – o marechal da paz” montada no espaço cultural da Vila Miliar, no Rio de Janeiro.
Para nós e nosso filhos, contudo, o trabalho de maior fôlego que talvez deva ser creditado exclusivamente a Rondon foi a ocupação bem sucedida desta nossa fronteira amazônica, apontada como a provavelmente única reforma agrária que deu certo no Brasil.
Desnecessário dizer que deu tão certo que nosso desempenho econômico é surpreendente num cenário nacional absolutamente pessimista. Rondon não previu isso, mas sinalizou: “devemos penetrar pela paz nos sertões”.
Não se pode dizer que seus ensinamentos tenham sido seguidos à risca, posto que o relacionamento dos colonizadores com os povos indígenas não se pode dizer terem sido rigorosamente pacíficos no país.
Mas é preciso cuidado e atenção para perceber a existência de interesses pouco ortodoxos a fomentar conflitos.
Um exemplo é o que aconteceu com os arrozeiros de Roraima, em Raposa Serra do Sol, onde a Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra), aponta que a demarcação e expulsão dos fazendeiros foi um desastre para a economia do Estado, para os fazendeiros e para os indígenas.
Ou o que está acontecendo agora mesmo no Mato Grosso do Sul, onde todos os indicativos apontam para conflitos de extrema gravidade entre fazendeiros e índios que dizem inclusive estar sendo arregimentados até no Paraguai.
É preciso atenção, mas especialmente serenidade para que a eventualidade de incidentes como os já registrados aqui, na região do garimpo de diamantes da reserva Cinta Larga, não se repitam.
Sem esquecer, contudo, o que os mais antigos sabiam: pescadores de bagre gostam de águas turvas.
Mas não se pode esquecer que nossa região foi habitada, em tempos imemoriais, por indígenas das etnias Aruás, Cintas-largas, Gavião, Jabutis, Canoês, Karipunas, Amondauas, Caritianas, Araras, Kaxarari, Kwazá, Ñambiquaras, Macurap, Sakurabiat, Oro-uins, Paiter e Tuparis.
Quantas dessas etnias subsistiram? Quantas foram aculturadas e quantas simplesmente desapareceram?
A lembrança é pertinente. Especialmente quando comemoramos o centésimo quinquagésimo aniversário de nascimento do Marechal Cândido Rondon e o sucesso do esforço de cada cidadão rondoniense na consolidação da forte economia de nosso estado, não podemos perder de vista que nossa terra é habitada também pelos índios.
Podemos assegurar que a OAB está pronta a contribuir com a realização de estudos e avaliações da realidade rondoniense, na busca de orientação sobre os caminhos a serem seguidos para garantir a continuidade de nosso desenvolvimento.
E para que, absolutamente dentro da legalidade e sem se desviar daquilo que estabelece a Constituição da República, os benefícios desse desenvolvimento possam estar presentes à mesa de cada cidadão.
