Para que todos possam me conhecer melhor, vou me autodescrever. Sou uma mulher, de pele branca, olhos castanhos, cabelos loiros. Estou com vestido preto longo, uso óculos, estou no canto esquerdo do palco.
Na pessoa da Vice-Presidente Vera Lúcia Paixão, cumprimento a todos do dispositivo de honra e na pessoa da minha mãe, Magda Esber, cumprimento todas as pessoas aqui presentes.
Hoje tenho a honra de testemunhar a história da Ordem sendo escrita diante dos nossos olhos. Para a comemorações dos nossos 50 anos, criamos uma medalha para homenagear as mulheres inspiradoras que ajudaram a construir essa Ordem forte e respeitada de hoje.
E que homenagem poderia ser mais justa do que uma medalha que carrega o nome da única mulher fundadora da OAB/RO?
Salma Roumiê foi a nossa primeira conselheira seccional, cuja determinação, coragem e visão moldaram os alicerces desta instituição.
É uma função honrosa estar ao lado do meu Presidente Márcio e da Vera, cuja liderança brilhante tem guiado essa gestão de forma excepcional.
A cada uma de vocês, quero dizer: “Obrigada! Obrigada por cada lágrima derramada, por cada gota de suor, por cada obstáculo derrubado e por cada conquista que nos impulsionou até aqui. É graças a vocês que hoje podemos afirmar com confiança que a mulher não apenas pode, mas deve, ocupar espaços de poder e destaque no Sistema Ordem”.
Como a minha amiga Rosa Maria, primeira mulher a ser vice-presidente da OAB/RO em 1985, e as demais que lhes sucederam 28 longos anos depois: Veralice, em 2013, Maracelia, minha grande amiga cuja luta conheço de perto, em 2016, Solange, em 2019, e nossa grandiosa Vera Paixão, na atual gestão.
Quando analisamos os obstáculos superados, as batalhas travadas e as barreiras quebradas por elas, é impossível não sentir uma profunda admiração por essas mulheres pioneiras. Elas não apenas abriram caminho para nós, mas também nos mostraram o poder da resiliência, da persistência e do compromisso com aquilo em que acreditam.
Há exatamente um ano aceitei a missão na de presidir a Comissão da Mulher Advogada, o que tem me transformado como pessoa. Esta missão, confesso, não foi simples, pois tinha entre meus objetivos principais, engajar e despertar nas mulheres advogadas o sentimento de pertencimento.
Nestes últimos 12 meses a Diretoria da Comissão da Mulher Advogada trabalhou incansavelmente para que a OAB Rondônia fosse palco das mais profundas discussões sobre os temas mais prementes relacionados à mulher, sendo importante destacar o Evento OAB por Elas, realizado na Capital e em Cacoal, com a convocação de homens e mulheres, destacando a importância de discutirmos temáticas relevantes em CONJUNTO.
O êxito das nossas ações se dá à participação efetiva das nossas Diretoras: Patrícia, Pâmela, Márcia, Kelly e Silvana, e pela participação de todas as incansáveis advogadas que atendem aos nossos chamados, Conselheiras Seccionais ou não, ainda que estejam presidindo outras comissões temáticas, a exemplo de Denise Torquato, Lívia Lourenço, Alessandra Rocha, Rafaela Albuquerque, dentre tantas outras advogadas.
Levamos a Ordem para todas as mulheres da sociedade, de hospitais a escolas, de auditórios à presídios, na mais essencial função da advocacia: zelando pelos direitos e garantias das mulheres e participando de forma ativa na construção de uma sociedade justa, igualitária e livre em todos os termos.
Muito já conquistamos, muito temos a celebrar. Atualmente, na Seccional Rondônia, as mulheres representam 50% das diretorias das comissões temáticas, compõem integralmente o Tribunal de Ética e Disciplina e constituem a maioria da Diretoria, conquistas materializadas pela presença inspiradora das nossas diretoras Vera Paixão, Aline Silva e Larissa Rodrigues.
Este avanço deve servir de inspiração para todas as instituições. No entanto, é crucial reconhecer que em nosso Estado ainda há muito a avançar, ao avaliarmos as dores e reclamações de todas as Subseções do nosso Estado.
Não podemos nos conformar com a ausência de mulheres na Corte Estadual de Contas de Rondônia e no nosso Tribunal de Justiça, assim como, com a baixa representatividade feminina no legislativo e nas posições de liderança no mundo corporativo como um todo. Não podemos aceitar a retórica da igualdade quando essa igualdade não se reflete em todos os espaços de poder. As mulheres podem e devem lutar para ocupar qualquer e todos os espaços.
A CEAr – Mulher se apresenta como um convite para planejarmos a participação das mulheres na Ordem e na Sociedade e o que queremos para os próximos 50 anos.
Queremos propor que todas as mulheres, advogadas ou não, procurem se engajar em todo e qualquer movimento que busque corrigir o a dívida história representada nessa injusta balança. Saímos pela porta de casa para ocupar novos espaços, legitimamente nossos, mas enquanto o homem não entrar pela mesma porta para dividir as responsabilidades da família, a balança continuará desequilibrada causando dores, doenças autoimunes e a falência familiar.
É em oportunidades como essa que nossa voz se faz urgente e necessária. Aqui, onde a mulher se esforça além dos limites e recebe menos, onde ela desempenha múltiplos papéis sem ser devidamente reconhecida, e onde enfrenta a crueldade da violência simplesmente por ser mulher.
Aqui, no país que apenas em 2023 foi abolida a tese medieval de legítima defesa da honra em crimes de feminicídio, urge a participação de homens e mulheres, para que sejamos instrumentos da sociedade. Que sejamos parte para essa transformação. Muito Obrigada!!!
Boa noite a todas e todos!
