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Compromisso com a esperança

Página Inicial / Compromisso com a esperança

*Texto de Andrey Cavalcante

Penso que, no momento em que se aproxima o final de um ano especialmente conturbado, no qual o processo eleitoral, mas não apenas ele, contribuiu para amplificar o fosso que literalmente dividiu ao meio a sociedade brasileira, convém salientar a necessidade de pedir a Deus que nos conceda serenidade, esperança e sabedoria para o novo ano que se aproxima. Para que nosso povo brasileiro consiga, afinal, compreender adequadamente a diferença entre esperança e expectativa. E perceber que mesmo os piores augúrios e vaticínios, como o da covid-19, que conseguimos superar, podem ser vencidos com a coragem e união de todos em favor de dias melhores.

Não se trata de ver as coisas sob a ótica quase insana de um Doutor Pangloss, mas de perceber o que exatamente indicava Voltaire no satírico “Cândido ou o Otimista”: se não estamos, obviamente, “no melhor dos mundos possíveis”, nada poderá obstaculizar nossa caminhada na direção correta, desde que nossos esforços sejam canalizados nessa direção. Foi assim que conseguimos avançar, por exemplo, ao desmascarar os atentados contra o estado de direito e consolidação do estado policial – aparentemente insuperáveis. E recuperar o respeito à constituição e às leis, sem o que não existe segurança, liberdade ou direito: não existe democracia. Não existe país!

Foi, aliás, em defesa da democracia que Teotônio Vilela, o “Cavaleiro da Esperança”, na definição de Henfil, desligou-se da Arena – partido do governo militar – para filiar-se ao MDB. A cerimônia de filiação aconteceu de forma improvisada no gabinete do deputado Ulysses Guimarães. “Eu sou um doido que perdeu o rumo do hospício. O que quero é que me deixem andar pelo Brasil”, disse Teotônio, sobre seu desejo de pregar a favor da democracia, conforme relato de Ulysses, recolhido por Marcio Moreira Alves. Já eram, então, incompatíveis suas posições em relação ao partido dos militares. Teotônio endurecia cada vez mais suas críticas ao regime, a ponto de exasperar outros arenistas, como Jarbas Passarinho, então senador pelo Pará: – “Se nós temos um correligionário como Teotônio Vilela, não precisamos ter oposição” – afirmou.

O que conduzia o chamado “menestrel das Alagoas”, que continuava sua peregrinação pelo país mesmo já fortemente abatido pelo câncer, que acabou por vitimá-lo? A esperança no restabelecimento da democracia, conforme destacou ao sentenciar, em defesa da anistia ampla, geral e irrestrita: “Anistia não é uma concessão à divergência; não se faz apesar da divergência, ao contrário, busca-se por causa das divergências”. Embora previsível, sua morte (27/11/1983), que gerou profunda comoção nacional, fortaleceu ainda mais a esperança pela redemocratização do país. Sua figura emblemática seria imortalizada, naquele mesmo ano, pela genialidade de Milton Nascimento e Fernando Brandt: “Quem é esse viajante?/ Quem é esse menestrel? / Que espalha esperança / E transforma sal em mel / … / De quem é essa ira santa? / Essa saúde civil? / Que tocando na ferida / Redescobre o Brasil”.

Embora perfeitamente desculpável, visto tratar-se de um mecanismo natural de defesa instalado no cérebro, que nos induz a pensar que o passado é sempre melhor do que o presente, há que se cuidar para que a pequena parcela de oportunistas, os chamados “pescadores de águas turvas”, não nos conduza a crer que tudo era melhor. Não era! Assim como ainda bem que nunca será! Ou a evolução humana estaria irremediavelmente comprometida. Quase quarenta anos depois daquela página sombria de nossa história, no entanto, uma parcela dos brasileiros parece inclinada a relativizar algumas das conquistas democráticas na esperança de voltar no tempo. Que a coragem menestrel alagoano de Viçosa nos inspire a não ceder nem um centímetro das liberdades pelas quais ele e milhares de pessoas lutaram até a morte.

Observe-se que a esperança é salutar, fundamental para a convivência com as mudanças que o próprio novo ano propõe e sugere, apesar da natureza humana indicar profunda aversão a elas, conforme atestam os especialistas em neurociências. É que “a expectativas conduz à culpa. A esperança, não. A expectativa é volátil, enganadora e induz suas vítimas a impregnar a humanidade de promessas, enquanto prepara uma desculpa para se livrar da situação. A esperança resolve, a expectativa tenta se livrar. Esperança leva à reflexão, a expectativa traz a insônia. Esperança não teme o início, o fim, e muito menos o meio”, como afirmava, em fevereiro de 1955, o produtor musical, jornalista, radialista e escritor carioca Luiz Antonio Mello.

A esperança, por fim, é uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias. Expectativa é uma crença volátil e enganadora, centrada no futuro, que pode ou não ser realista. Por isso é melhor focar na esperança os anseios, pensamentos, atitudes e ações para 2023, na consciência de que a melhor forma de construir o futuro é inventá-lo !

Feliz Natal.
Feliz Ano Novo para todos!

*Andrey Cavalcante é ex-presidente e membro honorário vitalício da OAB Rondônia.

Fonte da Notícia: Ascom OAB/RO

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