Presidente da OAB/RO, Andrey Cavalcante durante a Xlll Conferência Rondoniense da Advocacia
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rondônia (OAB/RO), Andrey Cavalcante, realizou, na quinta-feira (1°), no Teatro Palácio das Artes em Porto Velho, um discurso veemente acerca da atual crise política que o Brasil vive. A fala foi durante a abertura do XVI Encontro Nacional da Jovem Advocacia e da Xlll Conferência Rondoniense da Advocacia, que contou com a presença ilustre do presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia.
Em seu discurso, Andrey disse que o país passa por um ciclo histórico de profundos questionamentos morais. Afirmou que já se vão longos meses de uma crise multi-institucional, que denuncia graves comprometimentos na natureza dos valores públicos em pessoas, grupos privados e aparelhos estatais.
“Quase esgotadas as ferramentas tradicionais de crítica, cabe-nos reconhecer que é muito difícil produzir grandes transformações político-sociais. Não é demais afirmar que a forma jurídico-política da socialização brasileira está em risco. O papel histórico de cada um de nós, contudo, já está definido: somos, cada advogada e cada advogado, em si mesmo, ou organizados como a maior instituição do sistema de justiça do Brasil, os defensores da democracia e da república em nome do soberano povo brasileiro”, frisou.
Andrey também salientou que os advogados são legítimos defensores do patrimônio moral coletivo da alma brasileira, ansiosa por justiça social, mas consumida pela sanha corruptora de ambições interesseiras que destroem as riquezas, a solidez ética, a forma de Estado e de governo.
“Esse panorama é inaceitável. Contra ele nos erguemos e contra ele a nossa Ordem dos Advogados do Brasil tem lutado bravamente, desde o início da crise, há alguns anos. Mas, como disse certa vez um escritor inglês, revoluções são exaustivas. Elas tendem a cobrar caro o preço pela nossa dedicação. Revoluções consomem tempo, consomem recursos, sacrificam velhos hábitos, velhas crenças que já não servem mais”, contou.
Ainda durante a abertura, o presidente da Seccional afirmou que revoluções nos costumes dão origem a metamorfoses hiperdinâmicas, processos convulsionais que misturam a esperança de mudança, o desejo pelo novo dia, com os estertores agonizantes da velha forma de ser.
“Com quem podemos contar? Onde encontrar fontes inesgotáveis de energia e tempo para vencer essa luta? Quem pode nos ajudar a suprir com vitalidade e firmeza o movimento geral de ideias que encampamos para transformar os valores da nossa vida cívica? ”, questionou Cavalcante.
O presidente afirmou que não há melhor aliado para enfrentar esse desafio do que contar com o protagonismo histórico-social da juventude, representada pela soma das dezenas de milhares de jovens advogados e jovens advogadas espalhados por todo o país.
“Dirijo-me a toda a honrosa jovem advocacia brasileira dizendo que não se trata de repetir que o futuro pertence a vocês. Vamos mais longe ao afirmar que o nosso presente está nas mãos de vocês. O futuro de nossa nação chegou. Está acontecendo agora. Precisamos de cada um de vocês para nos ajudarem a garantir a vitória contra a identidade morta da corrupção como valor e da ambição desmedida como prática dominante”, disse.
Animado com o encontro nacional que pela primeira vez acontece em Rondônia, Andrey citou John Lennon, falando que ele fez um alerta quando disse que “a vida acontece enquanto fazemos planos”.
O presidente explicou a referência ponderando que é preciso compreender a referência no âmbito maior da atual história político-institucional. “Chega de planos para o futuro. Precisamos começar a viver a vida com a qual sempre sonhamos. O tempo da transformação é agora. Vamos devolver ao povo brasileiro, que deposita em nós, cotidianamente, suas esperanças de justiça, o resultado de nossa melhor dedicação à causa comum”, salientou.
Finalizando, o presidente da Seccional Rondônia afirmou que a advocacia se coloca a postos para atender ao chamado para cumprir seu dever moral e a juventude de que ela é formada se coloca à frente para ajudar a garantir que o passado infértil e obscuro não prevaleça.
