
Em meio ao cenário ribeirinho do Baixo Madeira, onde a rotina depende do rio e o acesso aos serviços públicos é uma luta diária, a comunidade de São Carlos recebeu uma ação interinstitucional voltada à defesa de direitos, prevenção à violência e fortalecimento da rede de proteção infantil. A operação, coordenada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) dentro do Projeto Vozes Suprimidas, reuniu PRF, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rondônia (OAB RO), Caixa de Assistência dos Advogados de Rondônia (CAARO), o Ministério Público e o Centro de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS).
A OAB Rondônia marcou presença levando orientação, diálogo e escuta qualificada para estudantes, mulheres e profissionais da educação. A presidente da Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência da OAB Rondônia, Luzinete Xavier, esteve à frente do levantamento das dificuldades estruturais e administrativas da escola municipal. Ao lado da direção, ela ouviu professores, analisou demandas urgentes e iniciou a construção de um relatório situacional que será encaminhado à Prefeitura e demais órgãos competentes.
“Quando a gente pisa aqui, vê que muitas necessidades não chegam nas autoridades. Nosso papel é levar a realidade dessa comunidade para quem pode transformar”, afirmou Luzinete.
Em rodas de conversa com adolescentes, Genúsia Oliveira, membro da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB RO, conduziu temas que fazem parte do dia a dia dos jovens, mas que ainda são cercados de silêncio, o abuso sexual, bullying, atos libidinosos e os riscos e crimes ligados à gravação e divulgação de imagens.
A CAARO também integrou a comitiva. Julia Azevedo, coordenadora de Assistência da Criança e do Adolescente, conversou com os estudantes sobre projeto de vida, escolhas profissionais e caminhos possíveis, mesmo diante das barreiras da realidade ribeirinha. A fala, marcada pela proximidade e pela motivação, trouxe esperança aos jovens que, muitas vezes, crescem acreditando ter poucas alternativas fora da comunidade.
Representando novamente a OAB Rondônia, Aylla Rokxana, Psicopedagoga, membro consultivo da Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência da Ordem, falou com lideranças escolares sobre acessibilidade, inclusão e a falta de suporte adequado nas áreas de educação e saúde. A abordagem foi voltada tanto para estudantes quanto para moradores que convivem com limitações impostas pela ausência de políticas públicas.
Entre os moradores que acompanharam a ação, a pescadora Edilúcia Alves resumiu o sentimento coletivo.
“A comunidade gosta quando essas ações chegam. Assim veem nossas dificuldades do dia a dia. A gente precisa que os órgãos públicos busquem soluções. Nossas maiores necessidades são educação, geração de renda e segurança.”
A participação da OAB Rondônia reforça o compromisso da instituição com as comunidades mais afastadas, garantindo que direitos fundamentais cheguem a todos os cantos do estado, inclusive onde o acesso é difícil e a vulnerabilidade é maior.